Copom eleva Selic para 12,25% e projeta mais altas

Copom eleva Selic para 12,25%. Na última quarta-feira, 11 de dezembro, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil anunciou o aumento de 1 ponto percentual na taxa. A decisão estava em linha com as expectativas do mercado, que já previa uma intensificação no processo de aperto monetário. Todos os nove membros do colegiado do Copom concordaram unanimemente com a medida. 

Motivos que levaram o Copom a elevar a Selic

No comunicado emitido após a reunião, o Comitê ressaltou que a aceleração no ritmo de alta da Selic foi motivada por desafios tanto internos quanto externos. A maior incerteza externa vem da situação econômica dos Estados Unidos. As dúvidas são sobre os ritmos de desaceleração econômica, desinflação e, consequentemente, sobre a postura do Federal Reserve (Fed), o banco central americano. 

No cenário interno, o Copom destacou que os indicadores de atividade econômica continuam robustos. Isso demonstra um mercado de trabalho aquecido e uma inflação persistente acima da meta estabelecida pelo governo. Outro ponto crítico foi a desancoragem das expectativas de inflação. O mercado continua projetando uma inflação superior à meta para o futuro. Em resposta a esse cenário, o Comitê indicou que, caso as condições econômicas se mantenham, poderá haver mais duas altas. Ambas de 1 ponto percentual na Selic nas próximas reuniões, levando a taxa para 14,25% ao ano. Se isso ocorrer, será a primeira vez desde 2016 que a Selic atinge esse nível elevado. 

O comunicado também mencionou que o ciclo de aperto monetário será determinado pelo compromisso de alcançar a meta de inflação. Porém, isso dependerá da evolução dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, como o hiato do produto (diferença entre a produção real e o potencial da economia), as projeções de inflação, e as expectativas do mercado. 

Impacto do Pacote Fiscal e Reação do Mercado 

O anúncio de elevação da Selic ocorre em um contexto de revisão das políticas econômicas do país. Devido ao anúncio de um pacote fiscal pelo governo federal. A ata da última reunião do Copom, divulgada na terça-feira seguinte, revelou que o pacote de gastos proposto pelo governo afetou negativamente as expectativas dos agentes econômicos. A reação do mercado a essas medidas foi considerável. Como consequência houve aumento das incertezas em relação ao controle fiscal e ao risco de um descontrole da inflação. Isso exigiu uma resposta mais severa em termos de juros para tentar manter a inflação dentro da meta. 

O documento também mencionou que o anúncio fiscal provocou um impacto significativo nos preços dos ativos financeiros e nas expectativas do mercado. Em especial no que diz respeito ao prêmio de risco, às expectativas de inflação e à taxa de câmbio. Como resposta a essa pressão, o Banco Central interveio no mercado de câmbio, injetando US$ 10,7 bilhões desde a semana anterior. Entretanto o dólar continuou a renovar suas máximas históricas. Na terça-feira, a moeda americana atingiu a marca de R$ 6,20, um pico intradiário histórico, após ter fechado o dia anterior com o maior valor nominal em 30 anos, a R$ 6,09. 

Cenário Econômico Atual do Brasil 

O Brasil enfrenta um cenário econômico desafiador, com inflação persistente, altas taxas de juros e um mercado de trabalho que, embora forte, ainda sofre com o baixo crescimento da produtividade. Além disso, o país vive um contexto fiscal fragilizado, com o governo buscando ampliar os gastos públicos enquanto tenta equilibrar as contas. A reação do mercado a essas políticas fiscais tem sido negativa, com aumento das incertezas quanto à capacidade do governo de controlar as finanças públicas de maneira sustentável. 

A alta da Selic e a pressão sobre a inflação indicam que o governo e o Banco Central estão enfrentando dificuldades. Visto que são grandes os desafios para reverter o quadro de desaceleração econômica conforme buscam evitar um descontrole da inflação. Nesse cenário, o aumento da taxa de juros impacta diretamente os consumidores e as empresas, com o encarecimento do crédito e a redução do consumo, o que pode prolongar a recessão. 

Em paralelo, o cenário internacional também contribui para a volatilidade, especialmente devido ao desempenho da economia americana, cujas políticas monetárias afetam o Brasil. O fortalecimento do dólar também se reflete em um aumento dos custos de importação, o que pode agravar a inflação no país. 

Dessa forma, o Brasil se encontra em um cenário de fragilidade econômica, no qual as autoridades tentam balancear o controle da inflação com a necessidade de estimular o crescimento, em um ambiente de incertezas fiscais e globais. 

 

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