O dólar registra sua segunda queda seguida em relação ao real, impulsionado pela aprovação do pacote fiscal no Congresso Nacional e pelo novo leilão de dólares realizado pelo Banco Central. Ao final do pregão, a moeda norte-americana foi negociada a R$ 6,0721, marcando uma queda de 0,84%. Na semana passada, entretanto, a divisa ainda apresentou uma alta de 0,68%.
Esse movimento refletiu uma tendência global de enfraquecimento do dólar. O índice DXY, que compara o valor do dólar com uma cesta de seis moedas globais, caiu cerca de 0,74%, registrando 107,665 pontos.
Dólar registra queda depois de pacote fiscal
No cenário doméstico, o Congresso Nacional finalizou a tramitação do pacote fiscal do governo. Na manhã desta sexta-feira (20), o Senado aprovou o projeto de lei que altera o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e impõe limitações no aumento real do salário mínimo. Essas medidas fazem parte de um ajuste fiscal que o governo propôs antes do recesso parlamentar. No dia anterior (19), o Senado já havia aprovado outras duas importantes propostas. Uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), que visa reduzir despesas obrigatórias do Executivo, e um projeto de lei complementar que estabelece um limite para o crescimento das despesas públicas. A PEC foi promulgada pelo Congresso na tarde de hoje.
Com a conclusão desse processo, as medidas seguem para a análise do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comentou que, com as mudanças aprovadas no Congresso, haverá redução de cerca de R$ 1 bilhão no impacto do pacote fiscal , com uma projeção de economia de R$ 71,9 bilhões para os próximos dois anos.
Dólar em queda após leilão do Banco Central
O Banco Central também desempenhou um papel importante nesse movimento. Hoje, a autoridade monetária realizou a sétima operação de venda de dólares à vista desde a semana passada, totalizando US$ 3 bilhões vendidos. Com isso, o BC injetou cerca de US$ 30 bilhões no mercado desde o dia 12 de dezembro, incluindo leilões de dólares à vista e operações de linha (com compromisso de recompra), com o objetivo de conter a valorização do dólar frente ao real.
Declarações de Lula e perspectiva para o BC
Com o término do mandato de Roberto Campos Neto, Gabriel Galípolo assumirá o cargo em janeiro. Além disso, o presidente Lula reafirmou sua confiança no futuro presidente do Banco Central . Em um vídeo divulgado nas redes sociais, Lula destacou as qualidades profissionais de Galípolo. O presidente também garantiu que ele terá total autonomia para conduzir a política monetária do país, ressaltando o compromisso com o povo brasileiro.
Perspectiva para os juros nos EUA
No cenário internacional, o dólar também foi influenciado por dados econômicos dos Estados Unidos. O índice de preços de gastos com consumo (PCE), divulgado pelo Bureau of Economic Analysis (BEA), mostrou uma alta de 0,1% em novembro. Em termos anuais, a inflação do PCE alcançou 2,4%, ainda distante da meta de 2% definida pelo Federal Reserve (Fed). Esse número ficou abaixo das expectativas do mercado, que previam uma alta de 0,2% no mês e 2,5% na comparação anual.
Apesar do índice mais baixo do que o esperado, os investidores continuam a precificar a expectativa de que os juros nos EUA permanecem elevados por um período prolongado. O mercado financeiro entende isso como resposta aos desafios inflacionários. Esse cenário ajudou a limitar a queda do dólar frente a outras moedas globais.
Em resumo, a combinação de um pacote fiscal no Brasil, além das ações do Banco Central e dados econômicos dos Estados Unidos gerou uma pressão de baixa sobre o dólar frente ao real. Portanto dólar registra segunda queda, movido pelo cenário doméstico que ajudou a enfraquecer a moeda norte-americana nesta sexta-feira, contudo o mercado ainda tenha uma visão de juros altos por mais tempo, .